30 dezembro 2006

Solidão em Cem Anos


Eu terminei o livro ontem e fui pegar Cem Anos de Solidão pra reler. Mexi um pouco nos meus livros até lembrar que tinha dado de presente em um sábado feliz pro mesmo Namorado que tinha me dado Viver pra Contar.Ele estava fuçando nos meus livros - adoro isso, aliás - e ficou lá paquerando o livro que eu falava tanto.
Apesar de ele também gostar de García Márquez, não tinha lido esse.
- Leva, é seu agora.
Pra mim foi importante dar aquele livro, porque era o mesmo que eu comprei com 15 anos e que reli tantas e tantas vezes, até o ano passado.
Parece que os livros dados e recebidos de surpresa fizeram parte dessa história. Entre outros que dei e ganhei, me lembro , em especial do Ensaio Sobre A Cegueira e Ensaio Sobre a Lucidez, de Saramago. O primeiro já tinha lido e delirado, o segundo eu estava desejando.
Ganhei os dois e fiz tal estardalhaço , ele riu tanto, que entendi quando dizia que me fazia essas surpresas só pra ver minha reação.
Engraçado como parece que o García Márquez pontuou esse relacionamento que nasceu quase por descuido e terminou conturbadamente, quase um ano depois.
Logo nas primeiras manhãs, numa conversa sem muito nexo, eu disse que se aquilo que estavamos vivendo tivesse um título, seria ....Crônica de uma Morte Anunciada.
E foi.

27 dezembro 2006

Seleção de mestrado ou Um dia de Cão


Primeiro mando o projeto. Sofro horrores pra escrever, acho errado, acho mal feito, faço de novo, acho pior. O Melhor Amigo lê, comenta, sugere.
Frou lê e faz aquele tipo de observações que só ela pode, porque une profundidade com humor, atenção e faz sempre você ver com uma clareza ímpar o que precisa ser mudado e o que está bom.Nunca vi melhor professora.
Passo na primeira etapa.
ok.Prova.
Parecia um " vestibular de velhos". Nós, os velhinhos. Três andares de gente fazendo prova, não tinha pensado em tal concorrência.
Medo.Medo.Medo.Medo Não vou fazer, não vou fazer.....aaaahhhhhhhhh.....( cena da galinha em Fuga das Galinhas....rs)
Quase no surto, engato um papo com a moça ao lado. Simpática, ela conta sobre seus alunos.
Falar sobre alunos sempre me anima, escuto, acalmo.
Chega a prova. OK. Dá pra fazer...aqui uso Thompson, aqui o Sacks e enfio um ou outro autor, acho que dá.
ok.
ops.
Cadê o ar?
Cadê o ar que estava aqui nos meus pulmôes agora ha pouco???
Levanto e vou ao banheiro, um homem me barra a entrada:
- ei, ei...onde vc vai? - diz, rindo.
ok, ok, banheiro errado. Ele faz uma piada qualquer, não sei, sorrio de volta.
Banheiro, água, água no rosto.
Vai que é tua , Vivinha.
Faço a prova e saio antes dos outros, não porque estivesse tranquila, mas porque o corpo todo doia : da sombrancelha ao dedinho.
Passo.
Entrevista.
Chego uma hora antes, tomo uma coca- cola, fico vagando.
De repente, do nada, vejo a Dica.
- vim aqui pra te dar uma força.
Do nada, de graça, so pra dar uma força. Com amigos assim eu consigo qualquer coisa...
Outros candidatos esperam ser chamados.Uma diz que ja fez entrevista duas vezes e reprovou.Diz que estar ali nao significa nada, nada.
Dica, que me conhece bem, percebe que estou a um passo do pânico, me puxa de lado:
- não entra nesse papo...são concorrentes, estão querendo desestruturar...concorrennnnteeeesss!!! Você vai passar.
Quando entro pra entrevista, por uma mágica, estou calma como nunca. As quatro professoras me fitam, falo do projeto, respondo as perguntas, absurdamente dona da situação.
Parece que o anjo do Wim Wenders esta falando no meu ouvido, como falava com os velhinhos no Asas do Desejo. To certa que tinha um anjão lá comigo ( gosto de pensar que ele parece o Beckham....mas isso faz parte das minhas loucuras)
De repente, falar ali não era mais uma tortura, mas um grande prazer.
Ao final, uma das professoras diz:
- percebo no teu olhar e na tua fala, como seu projeto é apaixonante.
Eu só posso sorrir, apaixonante é com certeza, a palavra que mais gosto.
Passei.

25 dezembro 2006

Minhas Pessoas


Esse ano foi de muitas mudanças, mas foi principalmente , o ano das minhas Casas. A Casa que moro e que comprei e a Casa da Mãe Joana, blog que planejo fazer há três anos e que nunca tinha tido coragem.Bom, chegou uma hora que tive e fiz.
Com a ajuda do meu amigo e colega de trabalho , Tarcísio, que implica comigo e diz que , na sala dos professores, só quero ficar blogando. E ele está certo, só quero ficar escrevendo mesmo.
E lendo muito, pessoas como Bruno, cuja carreira acompanho há algum tempo, Aleksandra, com seus textos primorosos, Lipe, meu "primo" baiano, Tati, minha gurua, que reencontrei depois de mais de uma década, Rafael, de quem eu acho que nunca vou ganhar uma discussão, Anna, minha primeira querida amiga nessa tal blogosfera, Cyn que foi amizade na primeira leitura, Jan, que tem amor até no nome, Arnaldo , que com sua adorável Clélia, sempre tem um comentário pra lá de interessante pra fazer e Guga, que entre outras qualidades, é o homem mais cool que já conheci.
As coisas que ganhei e perdi nesse ano foram todas importantes pra mim, algumas eu aceitei: aceitei ganhar e aceitei perder. Só uma eu não aceitei perder e não aceito, mas isso é assunto meu e é assunto imblogável.
Nesse meu cultivo de amigos queridos, estão os amigos com quem trabalhei, amigos com quem estudei, amigos do rgp e amigos do blog.Estou feliz por tê-los em minha vida, cada qual com seu espaço e sua intensidade peculiar, mas todos com sua importância.
Não sei o que 2007 aguarda pra todos nós, só o que posso fazer é esperar que seja bom, que seja intenso, que seja grande.
Não posso e não quero dizer o que desejo pra mim nesse ano. Já disse pra quem é de direito.
Já disse.

23 dezembro 2006

Dezembro


Faz muito tempo que isso não acontece comigo, entrar em um bar e ter conhecidos em várias mesas. Foi assim minha sexta feira, quando saí de cabeça quente do trabalho - com problemas práticos que não podem ser discutidos aqui - e fui pro Pantanal, em Barão Geraldo.
Eu tinha combinado com alguns outros professores e fiquei sentada um tempo com eles. Mas também tinha falado com o Arnaldo e a Clélia e acabei me sentando um pouco com eles lá. Adorei, tínhamos papeado por blog e email e sei que coloquei mais duas pessoas especiais no meu rol de amigos queridos, com certeza.
Ha algum tempo, Arnaldo comentou aqui na minha Casa que ele e a Clélia achavam que tinham me visto no Deck, mas ficaram constrangidos em perguntar. Ele disse que "você é a vivien? não. ah, desculpe foi engano" só serve no telefone...rs
A idéia era tietar essa maluca, o que é sempre um bom programa. Na hora que cheguei, estava rolando uma das músicas dela que mais gosto, o que já achei um bom presságio.Tudo eu acho "bom presságio", também...então não sei se conta.
Houve alguns desencontros também. Tarcísio, aquele tratante, conseguiu uma carona pra sua cidade natal e se despediu de mim ali no trabalho mesmo. Trataaaante.
O Bruno eu consegui perder no bar...ele disse que perder alguém na 13 de maio até que vai, mas em um bar? Pois é. Coisa de final de ano. Mas nem vou te chamar de tratante, tá, Bruno?
Além de todas essas pessoas, chegou também um dos meus melhores amigos. Claro que houve uma discussãozinha básica, porque W. adora discutir comigo. Tô dizendo que meus amigos são todos birutas. W. ainda colocou no orkut que adora discutir comigo, porque discutir comigo é muito legal.
Deixa ele ver a caxiense baixar aqui com força total, deixa só.....
De qualquer forma, eu e meu amigo temos o hábito de trocar conselhos sentimentais. Não sei de onde tiramos essa idéia de que um pode ajudar o outro, mas parece o roto aconselhando o rasgado, hilário, mas lindo. Eu acho fantástico como pessoas bacanas ficam na minha vida, mesmo que não tenhamos mais contato rotineiro, como amigos com quem estudei ou trabalhei.
De qualquer forma, foi um bom 22 de dezembro.
Esse ano foi engraçado, um monte de coisas incríveis, como comprar a casa, mudar de emprego, fazer o blog, conhecer pessoas maravilhosas. E um monte de problemas que acabaram se amontoando nesse finalzinho de dezembro. Um dos meus amigos, um perfeito filósofo, me garantiu..."fica fria, tudo passa, até uva passa"....vejam vocês as piadas infames que tenho que ouvir...
Provavelmente , hoje, uma das coisas que mais me interessa é escrever aqui. Se eu soubesse que escrever era tão prazeroso, com certeza, teria começado antes.
Ontem, relendo aquele lindo romance auto-biográfico do Gabriel Garciz Márquez, parei em uma parte interessante. Ele disse que uma imagem o perseguiu durante anos, até que ele a exorcizou em um conto.
Talvez isso efetivamente funcione: escrever pra exorcizar, Viver pra Contar.

21 dezembro 2006

Dica da Tia Vivien

Queridos, quem passar por aqui hoje, vá ver o que essa maluca escreveu. Se isso não fizer você rir até chorar, você tá morto.

20 dezembro 2006

Final feliz


Soube que a Fulana se mudou: viajou com um personal de 1.95m pra Israel e foi morar em um kibutz. Dizem que tiveram uma briga homérica sobre os territórios ocupados e ela quebrou um ou dois pratos na cabeça dele.
Parece que depois Fulana passou um tempo em Paris com um escultor que falava latim. Bom, não entendi ao certo se ele falava latim, mas duas palavras parece que ele sabia à perfeição.
Mas Fulana se desentendeu com o escultor, arrumou sua mala e se mudou. Disse que ia tentar os pintores...
Viajou sem rumo uns meses, trabalhando aqui e ali. Pintou o cabelo de vermelho, tatuou um símbolo da cabala na nuca e mudou o nome pra Sarah.
Hoje dirige uma galeria de arte alternativa e mora com seus três namorados no Soho.

19 dezembro 2006

Tragicomédia


Três na sala. Fulana, Sicrana e Beltrano.
Fulana deitada no sofá, descabelada, com cara de bunda.
Sicrana, com o telefone na mão:
- Então, tô ligando lá na farmácia....eles entregam o floral aqui mesmo.Você vai ver, floral é bacana, porreta, tiro e queda.
Fulana:
- ...hum...
Beltrano:
- Você deveria tomar empatiens.
Fulana, abrindo um olho só:
- Pra quê que serve...?
- ah...é bom pra impaciência. Assim como você está, o bom mesmo é rescue.
Fulana pensou que cara deveria estar pra ele dizer "assim como você está". Tentou ajeitar o cabelo, pensou em sentar, mas desistiu, ficou deitada, com cara de bunda.
Sicrana ri:
- Rescue é uma beleza....beira o fantástico - fazendo gesto de quem pega uma corda - resgata, sabe? Você quer ser resgatada?
Fulana, com riso nervoso:
- Alguém me tire daqui...
Sicrana:
- você está com uma cara melhorzinha.....está mais pra Jekill...antes estava Hyde....
Beltrano:
- o ruim de floral é que dá pesadelo pra caramba.
Fulana:
- o quê??? Além de tudo vou ter pesadelo??
Sicrana, conciliadora:
- Não ....não é assim.Bom, depois de um tempo, você sabe, floral coloca os bichos pra fora.
Fulana, de olhos arregalados:
- ãh???? Eu tô f***. Colocar os bichos pra fora?!
Sicrana:
- E aquele que eu te dei pra dormir, foi bom?
- Vixe maria.
- Eu te liguei , você dormiu rápido.
- Cheguei, tomei e apaguei.
- E acordou melhor? ( animada)
- Não.....( riso nervoso)
- Olha que amiga que sou...te dei um daqueles que não tomo nunca.
- Aqueles que a dra. X "miguela"?
- É.
- Amiga mesmo
.
Beltrano ainda diz que Fulana deve tomar Rescue. Sicrana e Beltrano discutem sobre florais. Fulana engole em seco, ainda vai ter que trabalhar.
Os jilós também trabalham.

Ainda sobre nomes


Eu estava lendo a Anna - uma das primeiras blogueiras que li fielmente e a primeira que conheci pessoalmente - e o assunto "nome" está lá também.
Anna fala sobre a sua escolha para o nome da filha. Um lindo nome, aliás: Clara.
Quando fiquei grávida, não demorei muito pra escolher o nome. Eu pensava em algo com el, como Gabriel, Rafael. O significado deles me atraia, assim como a sonoridade.
Depois de um tempo, pensamos em Caio: pra mim, Caio é nome de homem bonito.
- prazer, Caio.
- hummmm.....
Como, na época, o trato seria que se fosse menino - como eu queria - eu teria o poder de escolha, fiquei em dúvida entre Caio e Daniel.
Conversando com meu tio Beto, falei pra ele da minha dúvida:
- Ah, os dois nomes são lindos....Caio significa alegria e acho o máximo alguém se chamar alegria. Mas Daniel significa "Deus é meu juiz", e isso é forte demais....ah, não sei.
- Vivinha, quando você imagina o neném......com você imagina?
- ah.....eu sempre penso em um garotinho de tênis ....penso que estou esticando meus braços e falando "Daniel, vem com a mamãe."
- Então, ele já escolheu. Ele se chama Daniel.
Engraçado como algumas frases podem ser marcantes pra mim. Talvez meu tio nem se lembre dessa história, mas eu nunca a esqueci. E ele se chama Daniel.
E fico pensando se esse nome pode influenciar sua vida, ser o Daniel na Cova dos Leões, ser forte , mais forte que eu. Ele tem que ser mais forte do que eu.
Forte o suficiente pra vencer leões.
O dia que eu peguei o resultado, o dia que soube que estava grávida, foi um dos dias mais felizes da minha vida. Gritei, pulei, pulei, fazendo um estardalhaço dentro do laboratório, pessoas vieram me dar parabéns, a Amiga que estava comigo entrou na pilha também.
Joguei fora meu último maço de cigarro. Tem um maço na minha bolsa agora, mas estou guardando pra alguém.
Saí me sentindo mãe. Desejei ser mãe desde que me conheço por gente, tudo está abaixo disso, nada se compara.
Foi a única vez , em toda minha vida, que não senti solidão.
Durante toda a minha gravidez, nunca senti um pingo de solidão.
E foi grávida que fui em passetada contra o Collor, que apresentei trabalho na UFF, que chorei desmilinguida em muitos filmes e até.....propaganda.
Meu ex marido sacaneava:
- minha mulher tá louca...chora na propaganda da maçã brasileira......
Se tudo já "bate" com intensidade, quando estava grávida, era operesco.

18 dezembro 2006

Jocasta e édipo (II)


- Eu não vou fazer aula de Educação física.
- Nem vem, tem que fazer.
- Por quê?
- Porque é super importante, ajuda nas relações, na cooperação....
- Ajuda nada, é competitivo, não tem nada cooperativo.
- Mas é importante fazer um esporte.
- Eu faço tênis, já tá bom.
- Mas o esporte é importante, toda essa coisa de equipe....os gregos paravam tudo por causa das Olimpíadas...
- E os astecas paravam tudo pra fazer sacrifício humano, isso não quer dizer que eu vou matar alguém...
- Os médicos sempre falam sobre a importância do esporte da saúde...
- Mas os médicos lá no Juquery também não davam choques, faziam aqueles tratamentos malucos que você me disse? Então, grande bosta.
- Nem, vem, Daniel: tem que fazer e pronto. Tá na grade.
- Nossa, que argumento, heim? Se todo mundo aceitasse tudo na escola, a gente estava até hoje ajoelhando no milho, você disse isso!
- tá bom, desisto. Você ganhou.
- Eu sei. Eu vou fazer a aula, só queria mostrar que ganho de você nos argumentos.
Depois vocês não entendem porque só gosto de homem complicado.

A Senhora do Lago e o Monstro do Lago Ness


No post anterior, a minha querida Aleksandra Pereira me deu a boa dica: Vivien ou Viviane do Lago, a Senhora do Lago, a detentora da Espada.
Eu vi algumas versões de Brumas de Avalon, gostei em especial da Angélica Houston como A senhora do Lago. Com todas as suas idissíncrasias por vezes condenáveis.Mas com a firmeza de propósito acima de tudo.
Demorei anos pra ler as Brumas de Avalon, sempre torci o nariz para a trilogia. Mas confesso que gostei.Toda essa panacéia sobre poder feminino, sobre magia celta, autoritarismo cristão, culturas que são oprimidas, esquecidas e tomadas mesmo pelas brumas da literatura e da História são fascinantes.
O tempo passando para todos os personagens e os amores que vem, vão, que animam, que enlouquecem, que destroem, que devastam.
Tudo isso envolto na idéia de um poder feminino que acho incrível. Que eu gostaria de ter e ou sentir. Talvez eu seja fruto dessa cultura que massacrou o culto pagão da Deusa, e tenha em mim, apesar dos protestos interiores, resquícios de um machismo emocional . Talvez.
Com certeza, ainda me falta o poder da Senhora do Lago, poder de misturar bondade com crueldade.
Nesses momentos, penso em outro personagem. O Monstro do Lago Ness. Escondido, monstruoso, solitário e único. Fruto da imaginação de muitos, resultado do medo de outros tantos.
Eu tenho medo do Monstro do Lago Ness. Tenho medo de todo sentimento que pode ficar escondido sob um lago escuro e pode aparecer sem que eu o tenha chamado de pronto, que pode aparecer, me assustar e se esconder novamente naquelas águas geladas que eu tenho medo de entrar.

15 dezembro 2006

E o Pedro Caroço?


Eu estava na casa da minha Amiga, era madrugada e ela me ajudava a separar as - literalmente - centenas de provas que eu ainda teria que corrigir. Estava lá pra poder "alugar" o micro, já que sou uma mulher-sem-computador.Como
costume, depois de horas de trabalho forçado, as pessoas surtam, e nós somos feras em surtar.
Daniel já estava dormindo a sono solto, na frente da tv e a nossa conversa girava em torno de banalidades, em um momento, Amiga começa :
- Tem um monte de gente que diz que agora se faz música porcaria, mas tinha tanto lixo quando a gente era criança, adolescente....né?
- nossa, menudo...."não se reprimaaa...."...eu odiava aquilo.
- eu também! tuuuudo boiola, eu olhava e pensava : "que bundinha é aquela? que moleque- menina...mais menina que eu, credo!"

- risadas
- risadas
- tinha muito lixo mesmo, lembra disso, lembra daquilo?
- e aqulo? blabalabl....
- risadas
- "ele tá de olho na bottttiiiiiique dela...."
- risadas
- sabe o que eu não lembro? Não lembro o que o Pedro Caroço fez....
-?????
- sabe? (cantando desafinada) "Pedro Caroço....nananannanana......ele tá de olho na boutiiiiiique dela!"
-( rindo sem fôlego)...eu não me lembrava....de nenhum....Pedro Caroço...
- Não acredito...tinha aquele cara que cantava, lembra? com bigodinho e dançava assim....
O Pedro Caroço tinha feito alguma coisa...mas eu não lembro....
- ( engasgando) você sabe que vou colocar no blog, né? não é promessa...é ameaça!!!

*******

Outra Amiga me deixou super contente: me disse que a "culpa" da sua tese era minha. Eu não sabia, mas eu tinha falado tanto sobre um tema X, que ela decidiu optar por ele no doutorado. Uia, que chiquerrima.Só não consigo mexer uma linha na minha dissertação, mas tudo bem....
Fiz ela jurar que me daria um lindo agradecimento. Adoro agradecimento de tese, ai, adoro. Principalmente quando é pra mim, lógico.
( É isso é pra VOCÊ mesmo, Amigo que Não Comenta, nunca vou te perdoar aquele agradecimento xulé que você fez pra mim!....hahahah)
Bom, essa amiiga me garantiu também que seu sonho de consumo era dar aulas em um orfanato. - por que, fulana?
- pra nuuuuuunca mais aguentar reunião de pais!!!
Só quem teve que fazer cara de ipê roxo pra pai e mãe maluco entende.
Porque eles brigam na sala de reunião, brigam entre eles, levantam a voz, contam minúcias. Os doidos, claro.
Eu posso dizer que tive sorte, fiquei até amiga de algumas pessoas, pra valer mesmo. Quando aparece gente interessante, é um prato cheio.

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Amigo Leitor Desse Blog Que Nunca Comenta, me afirmou:
- você reclama que tem muita prova pra corrigir: prova é que nem coelho, se deixar junto procria...você tem que separar macho de fêmea....

12 dezembro 2006

Uma serenata para tia Nadir


Há alguns anos, quando li A Casa da água, do Antônio Olinto, achei muito tocante como eles se despediam dos mortos na Nigéria. Se a pessoa que tivesse morrido fosse velha, tivesse tido uma boa vida, eles faziam uma festa. Comiam, bebiam, enchiam o cabeção, contando histórias da pessoa, relembrando, homenageando com a memória de todas as aventuras que a vida manda.
Só choravam se a morte tivesse sido de um jovem, tivesse sido de forma violenta.
Se fosse o final da vida, inevitável final de uma vida frutífera, comemoravam com uma serenata.
Minha tia-avó Nadir, morreu. Depois de uma vida linda, com filhos, netos, bisnetos, amigos.
Absolutamente saudável, lúcida e brincalhona até o último segundo.
Eu não a via muito, ela morava em Presidente Venceslau e eu a via muito esporadicamente.Na última vez que conversamos, ela me disse que tinha ido ao médico, ver o coração que andava falhando. Ela disse que falou pro médico:
- Olha, doutor, se eu tiver que morrer, tudo bem, né? Tive mesmo uma boa vida. Mas se der pra eu continuar viva, ah, eu prefiro....
Lembro que eu rolei de rir com isso, mas achei fantástico.
Pra alguém como eu, com uma pressa horrível de viver, com medo patológico da morte, foi uma frase que bateu com força total.
Tia Nadir era irmã do meu avô Gabriel, ou Belo, como todos o chamavam. E era Belo mesmo, com seus olhos de Chico Buarque. Era meu avô filho de fazendeiro decadente, filho que de sinhozinho passou a ser pé de chinelo, íntegro como poucos, poeta, violeiro, pra quem eu não era Vivinha, era sempre filhinha.
Meu avô também não está aqui, parece que agora, quase ninguém está e isso dói.
Posso falar dele e contar suas histórias, mas não consigo ouvir nenhuma das músicas que ele tocava sem chorar. Simplesmente não consigo.
Quando Daniel era pequeno, estávamos vendo uma peça com personagens do Maurício de Souza. Em um determinado momento, o Chico Bento começou a entoar Luar do Sertão. O Chico Bento cantava no palco e eu chorava na platéia.
Meu vô Belo também mereceria uma serenata. Também teve uma vida linda, dura, mas linda. Lotado de filhos, netos e bisnetos que eram todos loucos por ele.
Eu quero fazer uma serenata pra eles, uma serenata de palavras, de amor e de saudades.

11 dezembro 2006

Histórias de alunos


Acho fantástico que meus alunos viajem a trabalho. O máximo que viajei a trabalho foi para o Rio e pra Curitiba, mas esse povo vai pros EUA, Espanha, França. Até pra China, creiam. Provavelmente que nunca vá pra China, então, gosto de ouvir os causos, ver as fotos, perguntar muito. Alguns trazem jornais, revistas, pra mim, outros trazem postais, todos trazem histórias.
Cabe dizer que meus alunos tem entre 25 e 40 e muitos anos, são trabalhadores e não tem histórias de vida que propiciem viagens assim.
A maior parte começou a trabalhar no início da adolescência e vê na faculdade a possibilidade da realização de um sonho coletivo, familiar. Junte isso com as viagens que fazem e temos aí o motivo de orgulho da família.
E eu confesso que , prá mim, são motivo de orgulho também.
Apesar da trajetória pragmática - talvez por causa dela - alguns tem grandes lacunas culturais. E é aí que eu entro, ou tento, pelo menos. E quando sinto que minha interferência deu algum tipo de resultado, vibro, vibro mesmo.


***********

Quando entrego as provas finais, reservo um tempo para o atendimento individual, prá conversar sobre o que estava bacana e sobre o que deve ser melhorado ou mudado.
Atendi um aluno que estava me dando pouca ou nenhuma atenção. Ele estava sentado ao meu lado, mas observava a namorada todo o tempo. Eles não se desgrudam na aula, seus olhares esfomeados denunciam que eles preferiam realmente estar em outro lugar.É uma graça.
- você não está nem me ouvindo, né?
- ........(sorriso)
- você está apaixonado, né, D.?
- Não, professora - sem parar de olhar pra ela, sorrindo como só algumas pessoas conseguem - eu tô amando.
Uma hora eu morro do coração.

Ainda brincando com música


Eu vi essa brincadeira lá no Zander e decidi fazer. É assim, você escolhe uma banda e responde a umas perguntas usando títulos de músicas. Vamos nessa.

Minha banda escolhida é: Barão Vermelho

1. Você é homem ou mulher? Flores do mal.
2. Descreva-se: pedra, flor, espinho
3. O que as pessoas acham de você? Exagerado.
4. Como descreveria seu último relacionamento amoroso?
o inferno é aqui.
5. Descreva sua atual relação com seu namorado ou pretendente:
Como um furacao
7. O que pensa a respeito do amor?
fúria e folia
8. Como é sua vida?/
Pro dia nascer feliz.
9. O que pediria se pudesse ter apenas um desejo?
Amor, meu grande amor
10. Escreva uma frase sábia:
o tempo não pára

Agora se despeça:

Todo Amor Que Houver Nessa Vida
Barão Vermelho Composição: Cazuza / Frejat

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós, na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente nem vive
Transformar o tédio em melodia...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum venenoanti-monotonia...
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio
O mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno anti-monotonia...

Passo pra quem quiser fazer.

A outra face da lua



Tatiana Rocha - Sou Tudo Em Mim

"Sim, Há uma Bela Adormecida, tem Cinderela , tem Princesa
Tem a donzela em apuros dentro de mim pra te encantar
Mas, também tema bruxa na vassoura
Tem a madrasta muitcho loca sempre cruel
dentro de mim pra compensar
Sim, tem tudo em mim, tem tudo em mim
Basta você escolher, que personagem chamar
Sim, sou tudo em mim
Basta você escolher com quem vai contracenar
Sim, sou tudo mim
Sim, a Chapeuzinho está perdida, a Rapunzel ficou careca
Branca de Neve tá fazendo uma festinha particular
Sim, fui lá no céu, tinha uma festa
Caí de cara na lagoa, tô numa boa
Esse meu sapo sabe beijar...
Sim, sou tudo em mim, sou tudo em mim
Basta você escolher, que personagem chamar
Sim, também sou seu grilo falante, sou seu espelho, sua amada
Sou seu anjinho de asinha, fada madrina prá te ajudar
Sim, sou seu dragão de bafo quente
Soua a maçã envenenada, sou uma velha encarquilhada
Sou sua roca de fiar
Sim, tem tudo em mim, tem tudo em mim
Basta você escolher, que personagem chamar
Sim, sou tudo em mim
Basta você escolher com quem vai contracenar"

A Mesa dos Músicos


Ontem dui almoçar em Joaquim Egídeo, ou Joaquim, como se diz aqui na minha terra. ( Prá quem não é de Campinas: um distrito pequeno, bucólico e tranquilo até dizer chega. Adorável)
Fui almoçar com um Amigo em um restaurante que gosto muito, comida gostosa, serviço simpático. Mas pra minha supresa, e boa surpresa, além disso, ontem estava rolando música.
Primeiro, quando cheguei com meu Amigo, havia dois cantores: voz deliciosa, repertório bacana.
Mas houve algo que eu adoro presenciar, na grande mesa familiar desses músicos havia uma espécie de "dança das cadeiras" musical, assim, aos poucos, praticamente todos da mesa foram até o palco dar uma canja.
Fiquei pensando como a música atrai as mais diversas tribos, como os coroas motoqueiros que pediam alguma específica, aplaudiam e até davam uma dançadinha animada.
Em uma das canjas, quem subiu no palco foi uma família: pai, mãe e filho adolescente.E isso transformou a música em algo mais interessante, mais bonito. Porque havia algo que apertava o tal laço familiar, algo em comum entre eles, o mesmo objeto de paixão.
Só sei que eu estava achando tudo lindo, especial e único. ´
Provavelmente influenciada pelo meu Amigo, que deu a tudo uma cor diferente. Única.

04 dezembro 2006

um canteiro


Pra entender como foi bom sair no sábado, preciso contar um pouco como era Campinas no final de 80. Em um bairro chamado Cambuí - que ainda abriga bares e restaurantes da cidade -
funcionava o que nós, adolescentes da época, chamávamos de Setor.
O Setor era uma parte desse bairro onde se aglutinavam os bares mais legais, divididos tribalmente e pra onde ia toda aquela turma de secundaristas e universitários, querendo beber ( "beber todas", como dizíamos) , escutar mpb e jogar conversa fora.
O bar mais delicioso do Setor era , sem dúvida, o Ilustrada.
E era pra lá, que nós, marchávamos intrépidos ,depois da aula e depois de umas cervejas.
Era uma época onde eu não combinava de sair com ninguém, porque sabia onde tal e tal grupo de amigos estaria, era simplesmente chegar lá.
No Ilustrada, duas jovens cantoras eram nossa "ídalas": Tati e Carô.
E era assim: vai sair pra ver tatiicarô hoje?
Anos se passaram e perdi essas cantoras de vista. Graças as águas da internet, reencontrei Tati, agora blogueira ( e que blogueira!) e , depois de vários desencontros, consegui vê-la cantar no Deck . ( Pra quem não é daqui: um delicioso bar em Souzas, pequeno, agradável, em cima do rio, com comida ótima, música melhor ainda e atendimento de primeira)
Ver a Tati cantando não foi nostálgico: para além de lembrar com saudade dos idos 80, está a nova descoberta de tê-la como cronista e como amiga, o que resignifica tudo.
E ela está, com certeza, dentro do canteiro de amigos que cultivo com cuidado e carinho.
Pra ouvir a Tati comigo, estava A. uma amiga com quem trabalhei há alguns anos e companheira de unicamp e E., um amigo da época de escola, meu amigo há quase vinte anos.
Gosto e faço questão de manter contato com aqueles que escolho: desde que me mudei pra Campinas, por onde passei, escolhi alguns pro meu canteiro e esses são cuidadosamente cultivados: não me permito perder o contato.Quero -os na minha vida.
Então, depois de muitos anos, ouvi a Tati, cantarolei junto, comprei cd - que recebi com uma lindíssima dedicatória - tietei mesmo, sem medo de ser feliz.
Porque eu quero viver em um mundo em que eu possa demonstrar que gosto, como gosto , de quem gosto, sem rodeios ou pudores.
Se o mundo não é assim, dane-se, o meu mundo é. O meu canteiro também.

01 dezembro 2006

I want to be lost with Jack



Hoje passei na locadora pra devolver uns filmes e me deparei com a segunda temporada de Lost, que ainda não vi.

Enlouquecida, surtada e babando, peguei todos. Estou aqui no trabalho contando os minutos pra chegar em casa e me acabar de ver muito, muito, muito Lost.

Eu demorei pra começar, tinha visto de relance , em uma ou outra zapeada e pra mim era um filme chato, babaca, eu não sabia porque tanta gente comentava sobre uma série que falava de pessoas perdidas em uma ilha.

Por acaso, vi um episódio. E pirei. Imediatamente. Acho a série genial, curiosa, inteligente. Gosto dos personagens, gosto da trama e gosto, em especial, da estrutura narrativa, em flash backs alternados. Você precisa montar a história como um louco quebra cabeça e vai reinterpretando os personagens a partir de informações que são dadas paulatinamente, de forma não linear.

Além disso, tem o Jack, que já me valeria por tudo. Fala sério. As mulheres que curtem os chatérrimos bad boys que me perdoem, mas eles sempre, sempre me entediam.

Os Jacks da vida nunca me entediam.