26 fevereiro 2007

Um post para Jane


Há alguns anos, quando eu trabalhava com adolescentes, fui chamada pela RP da escola.

- Vivien, tem uma mãe que eu quero que você atenda...ela é super legal, mas....

- ih.,....mas o quê? - imaginando a maior roubada.

- ai, ela faz umas perguntas tão complicadas, ela está fazendo doutorado na unicamp, vai lá falar com ela porque é teu estilo. - e rindo - eu me embolei toda!

Fui falar com ela, me sentia lisonjeada quando eles passavam essas situações pra mim.

Mas foi bem melhor do que só me sentir lisonjeada. Gostei da Jane de cara.

Em pouco tempo a gente já tinha desenvolvido uma amizade que espero mesmo que dure.

Ela defendeu seu doutorado hoje. Bióloga, professora de universidade federal, veio aqui pra Campinas pra elaborar seu belo trabalho junto a Educação.

Revi a Ju, sua filha, que está linda , uma moça. Me lembrei, com saudades, de como ela era uma menina articulada e profunda, que sempre se destacava nos debates que eu organizava. Me lembrei do seu namoradinho, ótimo desenhista e grande rpgista.

Gostei demais do tema que Jane trabalhou, e gostei, em especial de alguns pontos que vão ao encontro do que acredito como professora.

Ela desenvolveu um trabalho com uma atitude respeitosa em relação aos professores sobre os quais ela discute. Atitude bastante rara, dado que a Academia parece crer que tem somente a oferecer e nada a aprender, dado que a Academia apesar de se advogar discutir a alteridade, parece analfabeta em relação a esse conceito.

Outra coisa que me atraiu foi perceber o quanto ela valoriza a reflexão sobre a prática e o quanto ela valoriza a teoria subsidiando, mas não ofuscando a dinâmica própria que a sala de aula tem.

Meu trabalho vai nesse sentido e outra hora conto, porque hoje é o dia da Jane.

No momento de sua apresentação, fechou com agradecimentos que mostravam a mistura que se faz entre o momento da pesquisa e a vida da pesquisadora: ela mesclou fotos de vários momentos da pesquisa, com fotos do nascimento da Ju, com fotos de amigos. E eu chorei pacas. Bem quietinha lá, mas toda emocionada.

Porque só posso pensar na pesquisa como algo que se mistura na vida, que se embola e se confunde. Eu pretendo defender esse enfoque, porque é calcado nele que estudo.

Além de um trabalho interessante, Jane trouxe um elemento cênico para a apresentação, com gravuras, objetos e textos. Adorei.
Fiquei feliz em ter sido convidada por ela pra participar desse momento tão importante.
Meu dia também está chegando e espero ter por perto, amigos que viveram essa história comigo.
Parabéns, Jane.
Doutora.

25 fevereiro 2007

Livros de gordinha


Toda vez que começo uma dieta, compro uns livros de gordinha.

Sabe com é? Livros de quem emagreceu e conta a agruras, livros de auto ajuda na cara dura , livros de novas receitas que acabo não experimentando.

Quando comecei o texto com "toda vez que faço dieta' ..já deu pra perceber que desisto delas.

Umas deram um pouco certo, outras deram muito certo, outras foram um fracasso total, mas larquei todas.Todas. Por um motivo ou outro, me enfiei no sorvete ou no espaguete. Com toda a culpa do mundo.

Mas estou em pleno momento "agora vai". O fato de estar fazendo hidro, estar caminhando está dando um certo ânimo. O porcaria da cortisona torna tudo mais lento, mas enfim....quero muito emagrecer.

Um dos meus livros de gordinha predileto, é do Mário Prata.

Com sua experiência em spas - cara, magro em spa deve ser um et...- ele conseguiu coletar histórias que são tão antológicas quanto irresistíveis.

O meu predileto é Hoje Acordei Gorda. Crônicas maravilhosas com as quais me identifiquei pra caramba. Ri delas, ri de mim.

E é fundamental rir de si mesma, certo?

Ele conseguiu sacar as neuras, a compulsão, o delírio, a culpa. Cara, ele entrou na mente das gordinhas....sério. Outro dia eu transcrevo uns trechos, mas vocês devem ler. Divertidíssimo.

Conversando sobre isso com uma amiga, tive a grata surpresa de receber deliciosos elogios.

Ela dizia:

- você reclama que está gordinha...

- tenho espelho em casa, minha filha....( risos)

- mas você só pega filé...só pega bonitão! - e pensando - você tem atitude, acho que é isso.

- Atitude, A.??? Eu sou mulher mais insegura do mundo.Você sabe disso.

- Eu sei, mas você não deveria contar. Não dá pra notar, você tem esse jeito assim Preta Gil, sabe?

Ai, adorei, Sou a new Preta Gil.

23 fevereiro 2007

Sobre o Quarto Poder


Eu fico impressionada com a imprensa brasileira. Evidentemente, não vou defender qualquer posicionamento que se advogue a direito de ser "neutro". Parto do pressuposto de que a neutralidade não existe e que um discurso supostamente "neutro" é apenas hipócrita.
Isso é um ponto.
O outro é a imprensa fazer campanha acirrada sobre um tema.Campanha sistemática. Isso é outra coisa, é isso é criticável quando feito da forma como vejo.
No caso, a campanha que me refiro é pela diminuição da idade para a punição legal. As notícias televisivas, por exemplo, se encadeiam de uma forma, com uma estrutura argumentativa que leva, sem sombra de dúvidas, a refletir positivamente sobre isso. Todas as entrevistas corroboram o argumento central: favorável a diminuição.

Que idéia de gênio!!!! Com esse sistema penitenciário que funciona à perfeição, evidentemente teremos uma diminuição na criminalidade, como ninguém pensou nisso antes?
Todas as argumentações são a favor dessa diminuição de idade....não vi, nos telejornais, sequer uma argumentação sólida e bem estruturada contrária a esse argumento.

Me interesso pela comunicação de massa, ainda que não tenha leitura teórica sobre o assunto.Mas me interesso e me impressiono...e depois de assistir a vários telejornais, me pergunto: não há outras opções, outras vertentes de análise, será que que essa é a única via possível?
Como tão bem disse o Bruno, " E me desanima saber que, se João Hélio fosse preto e pobre, ou mesmo se fosse filho de traficante, a comoção geral não teria chegado na mídia. E até você, que lê o meu blog agora, talvez não se importasse tanto."

Evidentemente a morte do garotinho me comoveu, obviamente penso que sua família está marcada com uma dor absurda.

Mas também não posso me esquecer que mortes horrendas ocorrem todos os dias, portas de barracos são chutadas por policiais e armas enfiadas na cabeça de crianças todo dia. E não vejo essa comoção jornalística.

Algumas manifestações beiram ao ridículo. "Queremos paz"

E o povo sai de branco e vai pra praia.

Só eu pirei ou isso também parece insólito pra vocês? Não me lembro de ter lido um bom artigo que efetivamente faça uma leitura social da criminalidade. Alguns pontuam "falta Educação"...falta sim.

E falta feijão, meu filho, porque saco vazio não pára em pé. Falta feijão. E saco vazio cheira cola, e saco vazio assalta velhinas armadas ( vocês se lembram da mulher que foi elogiada pelos jornais??), saco vazio não está nem aí: é matar ou morrer.

Uma diminuição da idade seria uma estratégia populista, equivocada e torta. Não concebo uma diminuição da criminalidade sem uma estratégia política que, efetivamente, altere e melhore a vida dos que estão condenados desde o berço.


Insônia


Uma das coisa que mais detesto é insônia. Eu sou adoro dormir, adoro sonhar e já falei disso várias e várias vezes aqui. Ontem fui acometida por uma insônia terrível.
Estou indo dormir mais tarde, porque apesar de já ter visto toda a segunda temporada de Lost, simplesmente não resisto a ela. Fico acordada pra assistir . ( E, Alek, você tinha razão, segunda temporada é so Sawyer mesmo, sem dó nem piedade, o personagem está tudo de bom.)
Depois disso, ritual diário: banho quentinho, ler um pouco pra embalar, fazer relaxamente e bater um papo com o anjo da guarda. Aí é dormir e sonhar pra burro.
Ontem eu li muito mais do que o normal, ai tentei dormir. Tentei, tentei, mudei de posição, fiz relaxamento de novo, mudei de posição, bebi água, continuei acordada, acordada, acordada. Desisti, fui pra sala e vi um pedaço de Bugsy, comendo Nutela. Ah, já que estava com insônia merecia um agrado-fora-da-dieta....tá no inferno, abraça o capeta e chama de meu nêgo, certo?
Só consegui dormir depois das cinco, um horror.
Acho que o pior da insônia é saber que vou ficar quebrada no dia seguinte e a cama está ali, totalmente `a minha disposição , e eu não consigo curtir a dita cuja.

Dica da Tia Vivien IX


Eu descobri essa blogueira aqui há pouco tempo, lá no blog do meu blogueiro favorito.
Linkei quase imediatamente, porque bastou umas duas visitas pra eu perceber que eu iria querer ler todo dia os textos dessa professora-escritora. Textos inteligentes, deliciosamente escritos e com um humor irresistível.
Acho que vocês vão gostar.

22 fevereiro 2007

Pérolas da Sabedoria II


Eu e Daniel em casa, assistindo jornal.

- Mãe, você pensou naquilo que eu te falei?

- no quê?

- em aplicar na Bolsa.

- ah...pensei...quando eu tiver uma grana eu vejo isso com a gerente. Falei com um aluno, ele ganhou uma grana.

- E onde a gente vai aplicar?

- Não sei...o que você acha da Petrobrás, filho?

- hum....sei lá, as coisas com o Evo Morales estão tão incertas.....

Continuei o papo, fingindo que não estava achando o menino o máximo....


**************


- Mãe, você já notou como tem expressões demagógicas por ai?

- Por exemplo?

- ah....por exemplo....."pessoa com personalidade forte"....tradução: barraqueira, histérica..

- (risos)

- tem mais, olha: alternativo é igual a chato....irreverente...igual a sem-noção....diferente...igual a chato.

- Ih, Daniel como você é irreverente....rs



***************


Eu e Daniel no shopping.

- Me espera ali na Fnac , filho. Vou passar no banheiro.

- Por que mulher adora banheiro?

- Pra fazer xixi, gênio??? - rindo.

- Aposto que lé é o QG. Vocês se encontram , "agente 776 se apresentando, senhora",aí vocês recebem as missões e dão os relatórios. 'Não esqueçam o protocolo"

- ah, é? e qual nossa missão?

- ( olhar debochado) enfernizar a vida dos homens, ué.

21 fevereiro 2007

A Construção


Depois de ter literalmente abandonado por longos meses, recomecei a trabalhar na minha dissertação de mestrado. O processo que estava parado, tinha sido lento, lerdo e chato. Simplesmente eu não queria mais escrever.
Penso que o blog pode ter dado uma chacoalhada, porque ficou mais fácil, mais fluido.
Claro que ainda vou mexer muito nesse texto, ainda vou ter que ficar horas remodelando, talvez tenha que jogar um monte de coisas fora.
Mas ele está saindo, está nascendo e isso está me deixando feliz. Perceber que consigo construir essa pesquisa, essa Torre de babel.
Por incrível que pareça, até retomei a idéia de fazer doutorado. Idéia que eu tinha abandonado por completo há algum tempo, por vários motivos.
Agora estou namorando essa possibilidade. Provavelmente eu deixe de trabalhar com rpg, apesar de gostar muito do tema, ela já me acompanha há tempos, está na hora de mudar.
Talvez eu trabalhe com blogs. Além de ser um tema instigante, eu teria a desculpa ideal pra ficar horas lendo blogs. Que delícia.
Taí, acho que vou estudar....vocês.


19 fevereiro 2007

Carnaval ?


Até os 15 anos , mais ou menos, eu ia com minha família pra Cabo Frio ou Arraial do Cabo no carnval. E eu gostava.
Nunca fui fã de multidões, fato que só piorou com o tempo, mas me atrevia a curtir um carnaval de rua com o M., meu amor eterno da época.
Era legal.
Quando mudei pra Campinas, em 1985, passei um carnaval em um clube chiqueeeeeerrrimo da cidade. Foi um saco, nunquinha mais eu faria nada disso, prometi pra mim mesma.
Já disse aqui que não vou a um lugar lotado, sem água gelada por perto ou banheiro fácil, mas há uns dois anos, rompi esse meu trato comigo mesma.
Fui no ensaio da Grande Rio. Bom, pra mim, pobretona e provinciana como sou, foi super divertido ver aquele monte de globais, alguns dos quais bêbados de pai e mãe, junto aos outros mortais. Eram, em especial, globais de segunda ou terceira linha, estilo garotão malhado de malhação, saca?
Foi interessante, a bateria realmente é muito contagiante e eu estava cheia de primos pra rir e fofocar. L. uma jovem prima, mais baixa do que eu, acredite, sambava na minha frente e quase engoli umas pluminhas azuis que ela colocou no cabelo.
De repente, vejo a multidão se abrir como o mar vermelho, junto com alguns ohhhs emocionados.
Um homem sem camisa abria caminho: peludo como o Tony Ramos- ou seja, anormalmente - suado como um porco, ele passava e o povo pulava, horrorizado, fugindo do ser cheio de cerveja e suor. Jisuis, pulei e ele não encostou sequer um dedinho peludo em mim.
Em duas horas eu já estava de saco cheio, como estava em grupo e sem meu carro - burrada total - sentei perto da saída VIP e fiquei curtindo o pileque alheio dos famosos.
Carnaval pra mim é pra ler, ver filmes e namorar - se for o caso.
Quer coisa melhor?

Sobre a Solidariedade


Um amigo me perguntou porque eu chutei o pau da barraca e falei aquilo tudo no post anterior, sendo que poucos amigos, nesses anos, sabiam que eu já fazia quimioterapia.
Bom, a própria pergunta engloba a resposta: porque eu chutei o pau da barraca. Foi um foda-se geral.
Mas funcinou muito, muito mesmo.
Escrevendo aqui meu medo - e quando escrevi eu estava no auge da sensação - expurguei um pouco o que estava me sufocando. E junto com esse exercìcio de colocar tudo pra fora, sempre sugerido por minha amiga Tati, veio essa leva de solidariedade incrivelmente tocante pra mim.
Um monte de gente tentando dar um apoio, das mais variadas formas, mas com algo em comum: com a ponte, com a ligação, que faz com que a gente não se sinta sozinha dentro do medo.
Eu vou fazer os chatos e demorados exames e saber exatamente em que grau está. Acredito que se eu me tratar corretamente, posso retardar ese processo em muito tempo. Vou fazer o possível pra isso, aliás.
De qualquer forma, acho que é um momento pra refletir e fazer aquele balanço básico da vida.
Uma coisa eu já tinha e isso piorou: a pressa, a pressa.
A última vez que me apaixonei, disse pra ele que não tinha tempo a perder, que odiava o limbo, odiava o talvez. E é isso mesmo. Odeio mesmo, tenho uma pressa incrível de viver e agora, opa, mais do que nunca.
Bom, vou mudar de assunto e escrever sobre outras coisas. Só quero deixar registrado o quanto os comentários dos amigos aqui me fizeram bem.
Como dizia o filósofo Pernalonga " Por enquanto é só, pessoal!!!"

15 fevereiro 2007

O Tempo devora tudo


Dei um certo vexame em um consultório hoje. Conversei com a médica e descompensei: desandei a chorar ali, patética e sozinha.

O caso é que tenho lúpus e tenho convivido com isso desde os 17 anos. Em outras palavras: 21 anos sem ir a praia, ou indo apenas no começo da noite, tomando cortisona e outros venenos, sem tomar sol e sem fazer todas as milhões de coisa que as pessoas fazem no sol.

Eu juro que nunca me rebelei, ou quase nunca, pelo menos.

Acabei sendo a lúpica exemplar: quem conhece alguém com o mesmo problema sempre me apresenta, como uma forma de dizer "olha só, dá pra viver super bem". E lá faço meu papelzinho polianístico de alto astral ambulante.
Já levantei muito astral de muita lúpica.Muita.

E não é sacanagem, me sinto muito bem praticamente todo o tempo.

Depois do nascimento do Daniel, fiquei com um problema renal que me levou a fazer quimioterapia por alguns meses. Eu sabia do risco, mas risco maior seria viver sem conhecer o Daniel.
Passa um tempo, faço de novo, passa um tempo....balbalablab.
É o tipo de coisa que destrói de uma forma tão intensa que fica difícil voltar a polianizar.
O dia seguinte é pior do que ressaca desgraçada de vinho barato. Pior mil vezes, é devastador.
O fato é que de alguma forma, eu achava que isso era reversível. Controlável, pelo menos.
Taí gente, não é.
A médica me disse isso com a naturalidade de quem diz isso todo dia " vamos tentar retardar a insuficiência, mas é impossível controlar ou diminuir".
Foi nesse ponto aí que eu comecei a chorar porque fui tomada de tal pavor que me senti com cinco anos.
Eu queria perguntar " e depois?"...quando não tiver mais jeito, qual será a solução, hemodiálise? transplante?
E eu só conseguia pensar: "caralho, eu não conheço Paris.....eu não aprendi alemão....eu ainda não fiz tanta coisa!!!"
Ela percebeu que eu não tinha consciência da gravidade, apesar desses anos de tratamento. Tentou me acalmar e eu tentei parecer 38 anos, mas ambas fracassamos.
Para tentar ver como "retardar" esse processo, devo fazer novos exames, novos tratamentos agressivos e uma modificação alimentar radical. Deverá ser sem sal e sem proteína.
Isso não é um fator limitador apenas no tocante ao delicioso "precado" da gula. Eu adoro ir em restaurantes, adoro cozinhar, adoro ir comer com amigos. Isso TAMBÉM eu não posso mais.
Nunca me perguntei isso, mas acho que está na hora: por que eu??
Porque coisas triviais que todo mundo faz, foram retiradas da minha vida há tantos anos?
Meu Melhor Amigo já me disse que acha engraçado eu, que costumo pontuar algumas frases com palavões, nunca usa-los aqui.
Não usava mesmo, porque um aluno poderia ver, poderia pegar mal....e....
Quer saber?
Foda-se. Caralho, caralho, caralho. Vou falar todos os palavrões que quiser.
Sem sal, sem sol, sem o que mais????
Caralho, ainda tem tanta coisa que quero fazer !!!!!
Caralho, ainda não conheço Paris!!!!!!
Caralho, que medo de morrer.

13 fevereiro 2007

Dica da Tia Vivien VIII


Esse texto aqui foi uma das coisas mais delicadas e tocantes que li nos últimos tempos.

Água, água, água


Eu adoro água. Adoro. Bebo água o tempo todo e quando vejo multidão, me apavoro por alguns motivos, um deles é que não teria água gelada pra beber. Por isso, já avessa a carnaval, me arrepio quando vejo aquela multidão.

E se der sede?? e se der vontade de fazer xixi??

Multidão, nunca. Como eu ignoro o carnaval totalmente, me espanto com as pessoas felizes na multidão. Pois é, nem sempre posso entender o Outro, esse mistério que é a alteridade.

Comecei a fazer hidro ginástica, a dica foi de uma amiga que está em um astral ótimo, emagreceu e tem uma super disposição. Bom, comecei.

E a água tem essa coisa mágica de dissolver os problemas. Quando o Professor Franguinho ( "franguinho"de tudo....) passa lá os movimentos brincalhões, acho tudo uma delícia.

Dissolve mesmo, não resta nada. E eu lá, feliz da vida dentro d'água, pensando que esse ano regido por Júpiter pode sim melhorar, ah, pode. Ali dentro eu acho que tudo é possível.

Eu sonho muito com água: passei dias sonhando com tsunamis em dezembro.

Agora eu quero que a magia das águas me traga paz. Acho que estou conseguindo.

12 fevereiro 2007

Momento auto ajuda na cara dura


Sexta feira briguei comigo mesma, briguei com Deus, tomei umas satisfações "que porra é essa?sonhei tanta coisa pra mim, e essa aqui é minha vida? se eu batesse as boas amanhã teria valido a pena? Teria nada, sou uma fraude."
E segui me sentindo uma fraude, alguém que não foi, um projeto. Uma vida que é uma bagunça, que é a casa da mãe joana.
Eu só conseguia pensar nos planos que fiz e que não foram adiante, nos amores que morreram na praia, nos problemas práticos que estou enfrentando agora.
Mas como toda boa geminiana, no dia seguinte, já não pensava assim.
Acho mesmo que estou em uma fase de "balanço", esse ano faço 39 e acho que a chegada dos 40 propicia essa reflexão "é isso mesmo que eu queria?".
No sábado tive de recusar quatro convites de amigos queridos: estou em uma fase em que o dinheiro entra, não esquenta lugar e escapa. Não dava pra ir.
Mas a delícia era saber que eu tinha esses convites. Que eu tenho amigos com quem gosto de estar, papear, rir e choramingar, se for o caso.
Mas tinha baixado uma Polyanna de frente e aí ninguém me segura, fica tudo colorido , meu humor fica a mil ( obs. A Urubua que não me venha dizer que tomei ácido, eu sou careta!.;0)
Mas o caso é que estava em casa com o Daniel, fazendo nosso jantar , vendo dvd e pensei na incrível sorte que eu tinha.
Eu sonhei um monte de coisas que não aconteceram, ou que aconteceram e falharam ( como meus casamentos), mas conheço outras lúpicas em situação tão limite...e eu estou aqui, sem dor, com filho, encarando tudo.
Ai pronto, já me sentia a própria mulher-maravilha - quase cantei a musiquinha dela -por não deixar o lúpus dominar, por entrar na unicamp vinda de escola pública e sem cursinho, por ter amado e ter sido amada, por ser mãe, por ter esses amigos deliciosos, por ter trabalhado nas melhores escolas da cidade, por vencer a timidez patológica da infância e conseguir palestrar pra cem pessoas, por tudo.
Por conseguir ver que minha casa é o canto mais gostoso do mundo, por conseguir ver que jogar rpg com o Daniel no sábado é um dos melhores programas que já fiz.
Eu disse pra vocês a Polyanna quando baixa, nem cantando pra subir ela desiste...
Na hora do melhor do meu humor, vi que tinha um recado na caixa postal. Quase pulei.
Na verdade, não era quem eu esperava, mas tudo bem, eu estava "polyannada" e isso não abaixou o astral. Deu uma abaladinha, mas não abaixou.
O recado era mais ou menos assim;" Vivien!!! atende esse celular! Depois você reclama que não consegue falar comigo. Só você não consegue. Tem meu celular certo? é xxxxxx. Entendeu?
Olha, quer ir comigo no Barril? mas a gente tem que chegar cedo, porque hoje é Sandália de Prata e lota. Cheio de mulher , bom pra mim e ruim pra vc ( risadinha escrotinha que homem dá quando faz esse tipo de piada) Ah, então blablablbalbalbla...( falou um monte de coisas, com aquele jeito animadíssimo que só ele tem) blablabla ( silêncio rápido) . Ah, aqui é o W."
Eu ri muito com o recado, com o jeito encantador do W., que é um amigo muito querido.

Eu acho que ainda vou pensar muito sobre as escolhas que fiz, sobre os caminhos que tomei e continuo tomando.

Ainda estou sonhando e desejando muita coisa, mas não posso deixar de dizer: 'confesso que vivi"

09 fevereiro 2007

Tédio



Tem dias que dá tudo errado e só o que a gente precisa é de um colo. É , eu sei, "mulher é bicho esquisito."Mas tem uns dias que o negócio seria esse, chutar tudo, rasgar todas as contas, mandar todo mundo pastar e escrever no blog:
"Procura-se um Ornitorrinco. Tratar aqui."
E só.
Mas tudo bem, segunda feira está perto.

07 fevereiro 2007

O passado batendo na porta


Semana passada um ex me ligou, disse que tinha esquecido um livro na minha casa ( séculos atrás) e se eu poderia entregar pra ele. Hum. Primeiro eu tinha que ver SE o livro ainda estava lá. Porque eu guardo presentes e lembranças, mas coisas esquecidas vão pro lixinho do banheiro. Eu fui lá ver, o livro tinha escapado com vida, estava lá.
Ok, vamos combinar então. Aí a coisa ficou assim: você pode na segunda, terça, quarta?
Eu não podia nenhum dos dias. Não é doce não, porque nem tenho saco pra fazer gracinha. Não podia porque tinha compromissos, pepinos pra resolver, abacaxi pra descarcar.Podia na quinta, aliás, até que eu fiz um super convite, a Tati vai cantar no Galleria e eu vou ver.Ele disse que não pode.Mas ele faz doce, ah, faz....conheço de outros carnavais.
Mas é sempre bom rever ex. Pelo menos quando dá pra lembrar dele.
Alguns da pra elaborar uma amizade sólida, profunda. Outros não. Eu tenho um ex que , com certeza, é a pessoa que mais me conhece e melhor sabe lidar comigo. Até o Daniel concorda, apesar de dizer que ele "ainda é um amador". Mas , com certeza, é um grande e querido amigo.
De qualquer jeito, gosto de rever ex. Porque fica claro pra mim, naquele momento, ainda que pontuado com esse ou aquele momento nostálgico, que acaba, que passa. É reconfortante saber disso, porque dentro do olho do furacão, eu me esqueço.

06 fevereiro 2007

Os calouros ( com atualizações)


Eu estava lendo a Lúcia Carvalho, como faço sempre: ela comemorou hoje o ingresso do seu filho na USP. Tô feliz por ela, como mãe, imagino o orgulho.

Aí abro meu email....minha amiga Clélia, esposa do Arnaldo, me dá a boa notícia: Cecília, sua filha, passou na USP também. Vai fazer História . ( uhú!!!!)

Entrar na Unicamp foi uma das grandes alegrias da minha vida, mas o ingresso de um filho deve ser ainda mais emocionante.

E todo um mundo completamente novo, que me deslumbrou e me irritou e que fez isso com várias pessoas.

Quem sabe esses lindos calouros não se conhecem por lá?

Dica daTia Vivien, que adora dar uma de cupido.
@@@@ atualização @@@@
A Cecília me perguntou quem era esse professor aqui. Eu disse pra ela, já que ela vai pra usp e não pra unicamp, não vai ter a oportunidade de me dizer se concorda ou não comigo.
Mas depois ela me conta sobre os professores de lá.
@@@@ atualização 2 @@@@
Acabei de ler , ali na Tati, que o Lucas, também entrou na Usp..
Gente , que galera.
Só vai dar filho de blogueiro???
Parabéns pra esse calouro também!!!!

05 fevereiro 2007

A centopéia


Quando eu era criança, a gente frequentava muito dois sítios, o do meu padrinho, que vou falar em outro texto e o de um primo da minha mãe.

Esse último, para delírio da molecada, tinha um rio deliciosamente gelado com uma cachoeira irresistível. A gente passava o dia lá, chegava morrendo de fome e cansaço, em uma felicidade absurda.

Uma das tradições desse sítio era fazer caranguejada e nunca, nunca me entupi tanto de caranguejo como naquela época. Delícia.

A gente ia em um grande grupo de pessoas, me lembro que os carros faziam uma grande caravana. Não tinha luz, e o lampião era o toque mágico que dava a tudo um halo ainda mais interessante.

Em uma das vezes, quando a gente ia embora, caiu uma chuva monstruosa. uma chuva horrenda. Pela quantidade de pessoas, ia ser demorado, ir e vir com o lampião. Alguém teve uma idéia genial: "e se a gente fizesse uma centopéia?"

E explicou; alguém ia na frente, com o lampião, todo mundo ia atrás, em uma fila indiana...e pra cobrir a cabeça, um super plasticão, um encerado, como eles chamavam.

Pra molecada, festa total, a chuva caía, a gente se esgoelava de dar risada, os adultos faziam medo, e a centopéia de tantas idades saiu da casa até o lugar onde estavam os carros.

Longe, longe...mas isso pode ser a minha lembrança infantil, não sei ao certo.

Me lembro de ter sido divertido, ninguém ficou reclamando, dizendo que estava ruim, que estava complicado, estava todo mundo, em fila indiana, debaixo de chuva. Se divertindo.
Apesar daquele tremendo programa de índio, estava todo mundo se divertindo.

Eu tenho certeza, absoluta, que consigo rir de mim mesma por ter vivido cenas assim.

O bom humor da segunda feira


Eu já disse em outros textos, mas quero repetir: Adoro segunda feira.Adoro.

Como já disse antes, acho que é o dia das possibilidades, das decisões, das oportunidades. E eu estou precisando de tudo isso, imediatamente.

Eu estive pensando nesse final de semana, como tive a decisão certa em me mudar. Além da casa que tanto gosto, ganhei de quebra alguns novos amigos e tenho a sorte de ser vizinha de velhos amigos. Isso é muito novo pra mim, nunca dispensei pra vizinhança nada além de um olá muito do chocho. Sempre tive um preconceito horrível com vizinho.

Agora é tudo diferente. Eu posso passar na casa de F. ou M., minhas amigas desde a graduação, como posso dar um pulinho na casa do Pablito e da Nil, ou do M. - que diz ser meu maior leitor, olha que delícia...! - ou da C., pra conversar, discutir, debater, rir.

Sábado almocei no Pablito e na Nil, além da comiga deliciosa, o papo divertido foi a grande estrela da tarde. Daniel adorou.

Sabadão à noite eu voltei pros praços de Dickens. ( Quem pensou que eu preferia outros braços. acertou....mas me contentei com ele mesmo.)

Domingo, na casa da F., revi P. uma amiga querida que conheci também na graduação, que me apresentou , dessa vez, o irmão e a cunhada. Muito simpáticos e divertidos, contavam da vida no Canadá, onde moram.
Claro que eu, pobretona e provinciana como sou, adoro ouvir isso. É tudo tão diferente, que tenho a certeza que só quem viaja muito efetivamente vive. Sempre me sinto em dívida comigo mesma, quando converso com amigos com essas experiências fantásticas.
O final da noite foi com todo mundo se perdendo em uma cidade próxima, onde a gente foi buscar um super sanduiche. Delicioso, imenso, totalmente oposto do que eu deveria comer, já que estou de dieta. Estou...acho.
Todo mundo perdido, pedindo informação, se perdendo de novo, até achar uma portinha esquisita. Olhei torto pro lugar, mas confiei na dica dos amigos,e não me arrependo.
Deveria até me arrepender, com aquela orgia calórica. Mas foi tão bom pra mim, meu bem.Oh, yeah.Quase pedi um cigarro depois.
M., meu maior leitor, faz propaganda do meu blog sempre que pode, e eu adoro isso. Meu ego recém abalado adora isso.
Ele comenta todos, tem os textos prediletos, uma delícia. Nunca pensei que ser lida fosse tão delicioso. Melhor do que o super sanduíche.