29 julho 2008

Na terça

Hoje me lembrei dessa música. Houve um ano em que a ouvi todos os dias, buscando algo que eu acredita não ter.
Tola, tola.



28 julho 2008

24 julho 2008

"Baseado na obra de..."








Eu entendo que as versões cinematográficas devam ser o que se denominam: versões.
Ok. O que me incomoda - e incomoda muito - é ver como se destrói o sistema nervoso central de uma trama, como se joga fora todas as características principais de uma personagem para transforma-la em outra coisa, não raro, diametralmente oposta a criada pelo autor.
Pô, se é para criar outra personagem, não coloca a porcaria do "baseado na obra de...", troque isso por "detonando totalmente a obra de..."
Foi isso que vi outro dia na tv: na tentativa de filmar Moll Flanders, o diretor - sei lá quem é, nem procurei de tão irritada - praticamente queimou em uma fogueira o interessante romance de Daniel Defoe.
Em comum com o livro apenas o nome - que a personagem assume em um momento de sua vida, usando algumas vezes - e a ida para a Virgínia. O resto pode apagar.
Ela prostituta, bêbada ou casando sem interesse com um nobre, por amor? Apaga, filho.
Moll casou cinco vezes, teve vários amantes, foi ladra por 12 anos, teve levas de filhos que abandonou como ninhada de gatos. Tudo isso no iníco do século XVIII.
A Moll do filme faz das tripas coração para reencontrar a única filha, que perdeu por acidente, e quem ama com loucura.
Gente, a personagem larga os filhos - dos quais diz o nome de apenas um, apenas uma vez, o resto deles é chamado de crianças, filhos, claramente estorvos - o que é descrito por Defoe, que elabora uma narrativa com um final moralizante, baseado no perdão, redenção, essas paradas totas.
Mas me diz, se o diretor do tal filme queria uma história de uma mãe amorosa que buscava o perdão da filha, por que escolher Moll Flanders?
Construir uma Moll amorosa acaba com toda a elaboração de Defoe, suas reflexões sobre os pecados e a tal redenção da personagem, após a expiação das sacanagens que ela aprontou em uma vida abarrotada de "jeitinhos".
Mesmo no final, ainda carrega em si mentiras, segredos e uma boa dose de manipulação, ou seja, completamente diferente, antagônica mesmo, da homônima do filme.
Arre, odeio quando descaracterizam a obra, odeio.

20 julho 2008

Os cafés













Tem uma coisa que adoro fazer nessa vida: conversar. Claro que adoro outras, como ler, viajar, cozinhar e outras não-blogáveis. Mas se a gente pensar bem, todas está amarradas pela conversa. De uma maneira ou de outra.
Se a conversa for regada a um café bem quente, tanto melhor.
Acho que o que mais fiz nessa semana - de férias, com filho na casa do pai - foi conversar e tomar café.
Com a Ju no Galleria, um papo delicioso e muitas risadas, com o Dimas na Cultura, colocando a fofoca em dia, com a Frou, Valéria, Avelino, Maurício e Débora, em memoráveis cafés e papos pela madrugada, onde a conversa variou tanto que até o passado Rosa Cruz da Valéria apareceu...pois é, todo mundo tem um dark side....risos.
De qualquer forma, acho que essas oportunidades de ter tantas pessoas diferentes no meu rol de amigos é um grande privilégio.
E fico muito feliz por isso.
Vai um café aí?

17 julho 2008

Dançando na chuva

















Muito raramente saio para dançar aqui em Campinas. Primeiro, porque tenho aflição de lugar cheio, depois porque simplesmente deteeeesto música eletrônica, que com raras exceções, predominam na noite. Gosto do Barril da Máfia, por exemplo, onde sempre tem uma boa banda com black music e o clima é bem bacana. Mas o outro problema é que acabo me sentindo a tia do lugar, praticamente tenho vontade de sentar todo mundo e começar a dar aulas. Eu sei, um horror.
O caso é que alguns amigos descobriram um lugar ótimo, onde há um dia de flash back - sim ,queridos, a tia aqui curte um flash back, fazer o quê..- e por esses dias, fomos experimentar.
Eu gostei. Me diverti horrores, dancei, fofoquei, encontrei outros amigos por lá - os tios de Campinas agora tem endereço certo, pelo visto.
O engraçado é que quando eu era adolescente não saia pra esse tipo de lugar, não por desgostar da música ou implicar com multidões, mas simplesmente porque eu era um esboço de revolucionária com tênis furado e unhas sem esmalte. Já disse e repito, a perua que habita em mim não conhece essa garota anos 80...
Mas como dizem que as células se renovam a cada sete anos, creio que os anos que me separam da antiga Vivinha construiram uma outra, que ainda olha com carinho pra essa garota do passado, mas definitivamente, ama a mulher do presente.
Beijocas, queridos e vamos dançar.

16 julho 2008

Conjuração na quarta feira


Eu vi isso aqui no Zander e resolvi copiar. São Jorge, pra quem não sabe, é o protetor dos rpgistas e um pouco de proteção contra dragões é sempre bom ter.
Desejo a todos que passarem por aqui que recebam em dobro tudo o que desejarem pra mim.
Tá desejado e tá conjurado.

"Chagas abertas, Sagrado Coração todo amor e bondade, o sangue do meu Senhor Jesus Cristo, no meu corpo se derrame, hoje e sempre.
Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge.
Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me enxerguem e nem pensamentos eles possam ter, para me fazerem mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem.
Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder da sua Santa e Divina graça, a Virgem Maria de Nazaré, me cubra com o seu sagrado e divino manto, me protegendo em todas as minhas dores e aflições, e Deus com a sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos e o glorioso São Jorge, em nome de Deus, em nome de Maria de Nazaré, em nome da falange do divino Espírito Santo, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, do poder dos meus inimigos carnais e espirituais e de todas as suas más influências e que debaixo das patas do fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós, sem se atreverem a ter um olhar sequer, que me possa prejudicar.
Assim seja com o poder de Deus e de Jesus e da falange do divino Espírito Santo. "
Tá desejado e tá conjurado.
Um beijo cheio de poder pra todos que passarem por aqui.

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@@@@@@ texto publicado originalmente em julho de 2007, mas como os stalkers e as malucas continuam tentando ( só tentando, coitados) me atingir, mando de novo.
Sorte e fé para vocês.

13 julho 2008

Paixão antiga sempre mexe com a gente

Eu sempre digo que se eu fosse uma daquelas adolescentes, ia gritar, ia pular, ia me descabelar. Porque é assim, gente, sou uma fâ louca do Rei, não tem jeito.
Quando ele morreu eu tinha nove ou dez anos, mas senti tanto, senti tão profundamente, que chorei por muito tempo.
Essa mistura de gospel com sei lá o quê, aquela coisa meio over, meio kitsch das roupas exageradas dos anos 70 ( com capa e tudo mais), eu adoro tudo.
Pra mim, nada melhor pra homenagear o dia do rock.




06 julho 2008

A Plebe Rude






Não é difícil dizer porque me fascinei tão rapidamente pelo movimento anarquista.
Porque esses militantes, ainda no início do século passado, já compreendiam as mulheres como cidadãs, como pessoas que podiam estudar e produzir.
A experiência de ler os vários jornais anarquistas foi uma porta aberta logo no primeiro ano da graduação, onde não só aprendi as delícias de me perder horas em arquivos antigos, como as delícias de um movimento revolucionário até a última gota, como foi o dos libertários.
O incrível nesses caras é que dentro de uma estrutura escolar violenta, autoritária, dogmática e cerceadora, eles criaram escolas mistas, onde os alunos podiam frequentar laboratórios, debater e - maravilha das maravilhas - não havia avaliações, não havia classificações com notas.
As avaliações deveriam servir para que o aluno percebesse suas falhas, seus limites, não para que fossem excluídos ou que houvesse competição feroz, ou pior ainda, que fossem vítimas de vinganças de professores hostis.
Claro que agora, com todos os alunos enlatados na concepção de que é necessário haver nota, fica praticamente impossível nadar contra a maré. Estudar sem esse tipo de avaliação requer uma autonomia, uma independência, elementos que os alunos poucas vezes são estimulados a ter atualmente.
Há alguns anos, pensei em escrever um trabaho comparando a concepção de imprensa que eles tinham, com a veiculada na chamada imprensa burguesa.
Não escrevi esse trabalho, mas participei de duas pesquisas que incluiam os ácratas e isso me deu a oportunidade de ficar horas no Arquivo Edgard Leuenroth, lendo sofregamente jornais como A Plebe, O Amigo do Povo, A Barricada, A Luta Livre, entre tantos outros.
Fiquei familiarizada com eles, um círculo não tão grande, mas incrivelmente ativo, que usava a imprensa como arma, mas não se limitava a ela. Os anarquistas usavam os sindicatos e os centros culturais, demonstrando a compreensão do poder que a cultura tem sobre o coletivo.
Talvez eu tenha me convencido, naquela época, que uma sociedade sem Estado seria possível. Hoje, certamente, essa idéia não me toma. Mas penso como esse ideário pode ser modificador dentro da sociedade, no sentido de perceber o indivíduo como autônomo, como sujeito de sua própria História ( me perdoem pelo clichê necessário..)
Mas só posso dizer que toda a influência deles, em minha vida, foi enorme. E estar com eles, durante aquele tempo, ali no Arquivo, foi deliciosamente inesquecível.
Melhor do que isso, impossível.