26 outubro 2008

As coisas bobas que eu faço




Eu nunca resisto: sempre, sempre faço testes. Qual animal eu seria, ou qual mangá, ou personagem de Star Trek. Nunca resisto. Porque eu acho um barato saber que eu "sou" a Princesa Léia ou a Tempestade. Eu sei que é idiota, vocês não precisam me avisar. Mas eu vou continuar fazendo todos esses testes.
Então, no calor do momento, essa sou eu em Sex and the City.
Aliás, é a segunda vez que tenho esse resultado. Depois comento minha relação de amor e ódio do seriado, por hora, eu sou a Miranda.





"Você é cerebral como Miranda
Dotada de mente lógica, ela é a menos sonhadora, a mais realista e a mais prática do grupo. Mulheres cerebrais, como Miranda, são céticas: só acreditam no que a razão lhes mostra. Geralmente, dão mais valor à carreira que ao casamento. Não romantizam a relação, como as idealistas, nem variam de parceiro como as hedonistas. E também não sonham com casamento, como as guardiãs. A questão de gênero faz pouca diferença quando se trata de cerebrais, ou seja, elas são bem parecidas com eles."

23 outubro 2008

Queridos tios, queridas tias







Na segunda feira dessa semana, minha tia Sueli faleceu. Minha tia já havia casado com meu tio Antonio Carlos antes do meu nascimento, assim, para mim, ela sempre esteve na mimnha família, ela sempre esteve por aqui.
Tia Sueli era o avesso da vovozinha convencional : ela era muito engraçada, falavra milhões de palavrões, brincava com todo mundo. E era, sem dúvida, uma eterna apaixonada pelo marido, que aliás, ela chamava assim mesmo, de "Marido". A ponto do Daniel, quando pequeno, achar que o nome dele era "tio Marido".
Me lembro dela olhar para meu tio e dizer pra mim, sorrindo e brincando:
- Olha o meu marido, ele não está bonito?
Os dois ficaram juntos durante 45 anos, entre namoro e casamento. Juntos mesmo, com uma cumplicidade rara, única e feliz.
Na madrugada de segunda feira, estávamos lá com eles, dando o apoio que conseguíamos para ele, para minhas primas, para todos. Eu não saberia descrever a dor dele e o vi chorar pela primeira vez na minha vida. Me senti tão impotente, diante dos dois, que gosto tanto, que foram meus padrinhos de casamento, que sempre estiveram perto de nós.
Eu nem tinha como chegar lá, estava à pé e liguei pra Frou. Como amizade de verdade não tem hora, minha amiga me levou até o velóro às duas da manhã, sem pestanejar.
Valeu, Frou.
Com todos lá, calados e acabrunhados, vi meu tio ao celular.
- Os "meninos" estão chegando.
"Os Meninos" são os irmãos dele e de minha mãe, que ao todo formam oito : sete "meninos" e uma "menina".
E realmente, eles vieram do Rio, em cinco horas, enfiando o pé no acelerador.
Difícil descrever para vocês o que senti quando meus tios sairam do carro. Eram meus tios, duas primas, duas tias ( uma tão jovem que chamamos de "tiazinha"). Eram "os meninos".
A sensação de proteção foi imediata, foi como se uma força sobre humana tivesse chegado e tudo iria dar certo.
Eles e minha mãe ficaram ao lado do meu tIo Antonio Carlos todo o tempo, literalmente. Simplesmente o seguiram para todo o lado, como se pudessem carregar um pedaço do seu fardo, tornando-o mais leve. Como se pudessem dividir sua dor, para que não fosse tão grande.
Não consigo descrever em palavras o que houve, mas foi uma prova de amor fraterno muito intensa e muito linda.
Meu tio falava sobre as pequenas coisas, as coisas ínfimas que deixamos que abalem as relações, as besteiras pelo que discutimos, como tudo isso é pequeno, como ele se arrpendia de não ter dito mais vezes que a amava. Eu acho que ele disse, de deiversas formas, mil vezes que a amava: ao ser atencioso ao extremo, ao fazer suas vontades, ao ser companheiro, ao estar presente, ao amar de verdade.
Perder a minha tia me fez olhar pras pessoas com outra perspectiva, me fez ver como preciso aproveitar o tempo que estamos juntos.
Tenho certeza que tia Sueli está em paz, está em um lugar melhor, divertindo os anjos com suas histórias, seu jeito e seus c**** inevitáveis e deliciosamente peculiares. Só quero que meu querido tio, minhas primas, todos eles, encontrem tranquilidade apesar da saudade.


19 outubro 2008

Renildes, a Estranha












Eu já falei várias vezes sobre minha cadelinha vira-latas, a Renildes. O nome Daniel tirou de uma piada, eu detestei de cara, mas ela tem tanto jeito de Renildes que pegou.
Meu amigo Valter escreveu o texto anterior a esse,baseado nela. Mas vamos falar sobre as peculiaridades de Nildes.
Nildes me ama, escuta o barulho do carro e uiva, pula no meu colo, vê tv comigo, deitada, me olhando com os olhos compridos. Cara, eu jurava que a Nildes tinha cílios.. e balançava os cílios femininamente, mas acho que isso é resultado de anos de desenho animado. Ela não tem, mas eu vejo, sacumé?
Renildes é alegrinha e adora os gatos de casa. Esqueceu sua grande paixão por Malcolm X, meu gato preto maravilhoso. Hoje meio que convive com ele amistosamente. Foi um bom divórcio.
Mas o fato é que Nildes destruiu coisas lá em casa, mas são coisas específicas: meus queridos e variados tamancos (destruiu TODOS) e parte dos meus livros.
Ela come os livros. Mas veja,não é uma cadela qualquer, come clássicos, come Shakespeare, come literatura. Chiquérrima. Vocês podem achar que é coisa de blogueira, mas gente, a cachorra foi sorrateiramente no meu quarto, e ESCOLHEU os livros de cabeceira. Estou falando sério: ignorou Vovelle, ignorou Ariés, ou seja, ela não quer saber de História. Pegou um Allan Poe de jeito e não sobrou nada. Acho que ela está em uma fase lúgubre e preferiu o "corvo". Mas já foram vários.
Minha linda e vira-latíssima Renildes é, literalmente, uma devoradora de livros.


**** Post originalmente publicado em janeiro deste ano. Como a Nildes acabou com mais um livro...decidi republicar.

12 outubro 2008

O livro da Paula







A Paula Lee fez a gentileza de me mandar seu livro através do Branco Leone.
Li em dois dias mais ou menos, o livro é ágil, claro, objetivo e interessante. Narra a trajetória de Paula ainda no Brasil e seu ingresso na prostituição, já em Portugal. Baseado em duas frentes de flash back diferentes, a narrativa tem um tom cinematográfico, onde o leitor pode acompanhar concomitantemente a vida de Paula no Brasil e sua chegada em Portugal, sem uma linearidade simples, abusando da ação, das cores e da vivacidade da história.
Durante a leitura, me lembrei muito de dois livros: A Romana, de Alberto Moravia, onde o escritor italiano retrata o ingresso de uma linda jovem na prostituição e seu olhar modificado sobre a vida e sobre as pessoas e Os prazeres da noite, prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890-1930), da historiadora Margareth Rago, que resgata as relações sociais existentes nos bordéis brasileiros.
A pesquisa de Margareth, cuja defesa de tese tive a alegria de assistir, aponta para o caráter cultural e social que havia na relação entre as "francesinhas" e os ricos coronéis brasileiros, sedentos de compania e conversa, além dos serviços habituais das cortesãs.
O livro de Paula Lee mostra várias facetas masculinas, pessoas gentis, pessoas deprimentes, pessoas alegres, pessoas agressivas. A relação da autora com os homens que passaram a ser personagens é descrita de forma tão natural que é impossível continuar com a mesma visão sobre as meninas de "vida fácil"(!), seu texto límpido, inteligente, articulado, descarta qualquer papel de vítima, ainda que a pobreza tenha sido árdua no seu caminho.
Paula não se define por seu sofrimento, tampouco se define por sua sedução, para além disso, o texto apresenta uma jovem franca e firme, que vê o mundo de forma sagaz e contundente.
Paula preserva a privacidade de seus clientes, não mencionando nomes, mas substituindo por apelidos divertidos como o Maracujá Fardado e outros, que vocês vão conhecer lendo o livro.
O interessante também é bater de frente com nossos preconceitos e o texto da Paula faz isso de forma brilhante.
Quer um bom programa? Leia a Paula Lee.

04 outubro 2008

Sob os olhos de Fernando







Fernando Meirelles acertou em cheio. Ensaio Sobre a Cegueira teve a adaptação que merece, nas mãos desse diretor. O filme com cores apagadas, mortas, foi uma alegria para mim. Muitas vezes aqui, comentei sobre as violências cometidas contra algumas obras, em adaptações tacanhas, obtusas e - em grande parte das vezes - tão distante da obra original que dizer que era "baseado na obra de.." praticamente ofendia.
Não é o caso desse filme. No texto de Saramago, pessoas são acometidas por uma cegueira branca e inesperada, que acaba se alastrando como uma furiosa epidemia. As pessoas contaminadas são colocadas em reclusão, debaixo de regras espartanas e abandonadas à sua própria sorte.
O caos criado beira a loucura. Não é à toa que o autor escolheu um manicômio abandonado para servir de prisão momentãnea para os contaminados.
A nossa cegueira cotidiana em relação a vida, em relação tanto aos minúsculos prazeres quanto aos problemas mais gritantes, fica explícito. Somos cegos, enfim.
Na reclusão, alguns laços de solidariedade são criados e se mantém fortes, entretanto, dentro do caos surgem também os déspotas, como ficou claro com o outro grupo de cego, opressor, violento.
No texto de Saramago, ainda me pareciam mais aterrorizantes, arrastando as barras de ferro no chão.
Li no blog sobre o filme que a cena do estupro coletivo foi mal recebida por grupos de mulheres. A cena é horrível, é suja, é amedrontadora. Por isso é crucial para o filme.
Julianne Moore está perfeita, sendo a Mulher do Médico, uma personagem de uma grandeza ímpar. Rúfalo está aquele fofo de sempre. Os outros estão pefeitos, gostei do toque fashion de se colocar o Primeiro Cego e sua mulher como japoneses.
A apresentação sem nomes, como A Moça dos Óculos Escuros ou os outros, ficou um pouco vaga: pareciam que se apresentavam mencionando as profissões. Em minha leitura, mais do que localizar sua profissão, penso que o autor apresenta personagens que se definem pelo que fazem, se localizam enquanto indivíduo dentro do seu espaço no capitalismo.
Como se o indivíduo fosse, enfim, reduzido e definido pelo que ele faz.
Mas não imagino como transportar isso da literatura para outra linguagem. Assim como o Cão das Lágrimas, comovente no livro, superficial no filme.
De qualquer forma, ainda que algumas sutilezas sejam praticamente intraduzíveis, achei um belíssimo trabalho. Com algumas cenas particularmente bonitas, como o grupo de mulheres limpando o corpo na mulher morta pela violência dos cegos que formaram uma gangue, com aquela solidariedade feminina que é tão impressionante quanto nobre.
E o fim do filme, onde a Cegueira, em todos os seus aspectos, parece ter sido vencida.
Isso fica claro no livro posterior, Ensaio Sobre a Lucidez. Mas isso é conversa pra outro post.

01 outubro 2008

O nosso amor


Romantismo é bom. Mas bom humor é melhor.
(E ainda bem que existe o humor e a possibilidade de rir de si mesmo e do outro)

Para meu último amor, com muito carinho.








****** post originalmente publicado em março de 2007.
Hoje, conversando com um amigo sobre os amores que vão e vem, me lembrei dessa música divertidíssima da Tati.
Clique no link e ria comigo.