29 setembro 2009

Colcha de retalhos







Continuo fazendo uma super faxina nas minhas coisas. Essa limpeza geral está sendo um processo muito louco. Abrir pastas e encontrar cartas antigas, provas de vestibular(!), papéis inúteis misturados com fotos memoráveis é um exercício interessante. Se trata de liberar a vida de coisas passadas, que já não importam e de guardar aquilo que sempre vai importar.
Recebi um email de uma amiga que falava sobre isso, sobre liberar espaço para que as mudanças e as coisas boas possam entrar na vida. Então, que entrem.
Essa limpeza ainda vai ter várias fases. Quero organizar meus livros, que estão misturados, na maior balbúrdia. Quero olhar e saber onde está cada papelzinho, cada caderno, cada prato e cada copo.
Não vou chegar a etiquetar, "panelas", "liquidificador", como fazia o segundo marido de Dona Flor, o doido. Mas estou quase lá.
A sensação é muito boa, é de controle sobre a vida.
Acho engraçado como coisas tão prosaicas como arrumar armários possam ter um efeito tão grande na mente da gente. Acho fantástico.

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Continuo também andando todos os dias com a Renildes. Gente, minha cadela é a Lassie.
Ela sabe o horário que andamos e me cobra isso. Posso zanzar pela escada o dia todo, na hora da saidinha dela, se subo...ela se rebola toda. Ontem latiu, em chamando, como não fui, voltou, quase com as patinhas na cintura, latindo:
"então, vamos ou não vamos?".
Fomos, claro. E tomamos chuva.


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Ando conversando com um amigo de comecinho de adolescência. Uma coisa maravilhosa e rever um namoradinho de mil anos, não há cerimônia, como se continuássemos jovens tolos. Welcome aos enta, Vivien.


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Estou relendo Garcia Márquez e eu definitivamente sei que meu amor é eterno.


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Na quinta feira vou fazer shiatsu, ver uma amiga querida à tarde e outra amiga queria à noite. Meu projeto agora é ser feliz todo dia.

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Apesar do Daniel me deserdar por isso, continuo assistindo a novela do Manoel Carlos do Leblon. Pão e circo para o povo, minha gente.

24 setembro 2009

Outro post para Anna


Eu gosto de São Paulo, gosto de ir...e gosto de voltar. Não consigo conviver com clássica pressa paulistana. Já comentei aqui, até as escadas rolante são mais rápidas e eu estou meio que fugindo disso.
Mas eu gosto de muita coisa, nessa cidade multifacetada.
Gosto muito da Liberdade, mas andei me decepcionando com o bairro.
Gosto muito de ir pra lá ver exposições. As mais interessantes foram Brasil-500 anos e os Guerreiros de Xiang. Gosto muito de pirar e não entender necas na Bienal de Arte, mas confesso que a última...hum...aquela do vazio, achei chata.
Acho que uma dica sempre bem vinda é onde comer um bom sanduíche, bom, se for de madrugada, no Bar do Estadão.
Pra comer massa e se sentir dentro de um filme sobre máfia, não há dúvida: Roperto.
Um lugar sempre gostoso é a Pinacoteca, sempre gosto das exposições de lá, e fica exatamente em frente ao Museu de Língua Portuguesa, que eu adoro.
A livraria Cultura é um verdadeiro paraíso, em todos os aspectos.
Pra quem gosta de bares descolados, restaurantes legais e graffiti, vila Madalena e o Beco do Batman.
Conversar com pessoas desconhecidas sempre é uma viagem interessante, mas em São Paulo o povo puxa assunto a todo momento e em qualquer lugar, é legal demais.

Além disso, sugiro visitar o MAE, museu de arqueologia e etnologia da usp, pequeno, bem montado, interesante, com várias peças da antiguidade, alguma coisa da pré-história e uma boa ala sobre arte africana.


Museu Paulista ( Museu do Ipiranga), com uma nova proposta museológica, bastante interativo, com muitas peças interessantes e várias ambientações. Espaço incrível e arquitetura fantástica.


Ibirapuera, pra andar, ver gente com todas as rodas possíveis, ir na Oca, ir no MAM, mas nunca, nunca almoçar no péssimo restaurante do parque.


E eu não sei vocês, queridos amigos e leitores, mas eu adoooro bater perna em shopping. E se tiver um cinema bacana, então, socorro. Me jogo.

Não sou lá uma notívaga de confiança, mas acho que a noite de São Paulo dispensa recomendações. Eu não saberia indicar mesmo, minhas dicas são quase todas diurnas.;0)

Queridos amigos e leitores, quem tiver dicas, não se reprima, como já diziam os filósofos Menudos. Conte pra mim.

18 setembro 2009

Post para Anna (1)


A Anna Maron foi a primeira blogueira que conheci, assim, " ao vivo e a cores", quando eu ainda não tinha blog. Eu estava no Rio, pra apresentar um trabalho sobre RPG & Educação na ExpoInterativa e combinamos de sair pra conversar e beber.
Ela é uma fofa, tão interessante quanto seu blog, que anda abandonado, por conta da Clara, sua filhotinha.
Bom, a Anna se mudou pra São Paulo e eu disse, em seu blog, que daria umas dicas do que gosto por lá.
Eu não moro em São Paulo, somente nasci lá,
sempre morei em outros lugares. Conheço - pouco - de São Paulo como turista, mas uma turista animada com tudo.
Bão, vamos lá.
Eu costumo ficar no Fórmula Um do Paraíso, comecinho da Paulista, barato, prático, bem localizado e bem estruturado. Assim, muito do que faço sempre, é por ali, à pé mesmo.
Gosto de sair andando por lá e já sugiro um almoço em um botequim ao lado do metrô.
É um botequim meeesmo, não é força de expressão, mas eu e Daniel adoramos. Aquela coisa de São Paulo: você como muito bem em qualquer lugar.
O lugar tem uma comida deliciosa, temperadíssima, farta, suculenta e com preço bastante convidativo.
Vale a pena visitar e provar.
Seguindo, há uma lista de lugares que gosto na Paulista:

Centro Cultural Itaú: imperdível pra quem gosta de arte digital - e eu adoro - porque as exposições mais interessantes, mais interativas, estão por lá.
O lugar tem três andares, monitores meia boca ( esqueça deles, não vale a pena perder tempo), boas publicações gratuitas e um Café caro e sem opções.
Veja as exposições, brinque - porque dá pra brincar! - vá comer em outro lugar.

Sesc Paulista: sempre com exposições bacanas, vale a pena entrar e se divertir. Nunca vi apresentações, mas como todo Sesc, tem uma boa programação gratuita.


Casa das Rosas: Uma casa da Belle Epoque - mas com art decó e mistureba total, uma deliciosa salada - que foi construída pelo fantástico Ramos de Azevedo como presente para sua filha, é uma delícia de se ver. Mas para além da riqueza arquitetônica, o lugar é um centro cultural bacana, com exposições e palestras. Pra quem gosta de RPG, o espaço reserva encontros para jogadores.
O jardim é um caso à parte, só andar por ele já vale a visita. O Café também é caro, mas os doces são gostosos. Pra quem gosta de doces italianos, há algumas opções.


A arquitetura da avenida dispensa comentários.


Reserva Cultural : um espaço delicioso, com livraria, cinema, Café e um restaurante charmoso no qual você pode apreciar os transeuntes da avenida como um aquário.
Comida ótima, atendimento ótimo, café cheio de charme ( feito no seu lado, com explicações da barista) mas um pouco frio. Carinho, mas vale a pena.

Masp: preciso comentar? Se alguém coloca seus pezinhos em sp e não vai ao Masp, merece a um peteleco na cabeça. O Museu é incrível, maravilhoso, o acervo próprio é um luxo e as exposições eventuais sempre, sempre maravilhosas.


Depois comento os outros museus e lugares que gosto, por hora, paramos na Paulista.
Quem quiser ler alguns dos posts sobre São Paulo é só procurar em "Cidades", aqui no final do post.
Quem tiver dicas pra Anna, deixe aqui, please.
Beijos.

13 setembro 2009

A idade da Razão


Engraçadíssima é a relação com a - aparentemente abstrata - acepção do conceito "idade" para meus amigos. Às vezes flagro uma ou outra mulher nessa mesma viagem, mas, em geral, são meus amigos hombres que caem nessa folia.
Explico.
Por alguma razão que desconheço, meus amigos acreditam piamente que se forem uns quatro ou seis anos mais jovens do que eu, são, automaticamente meus filhos.
Sim, lindos, é isso mesmo. Uma vez, quando eu tinha 26, ouvi de um que tinha 20:
- Vivien, você que tem praticamente o dobro da minha idade e...
Stop. Não precisa voltar, você não leu errado. E eu estava beeem em forma, antes que você pense que a titia aqui estava caída.
Só pude responder, entre risos.
- Cara, na boa, você sabe fazer conta?
Enfim.
Inúmeras vezes me deparo com meus amigos(!) falando comigo em tom filial, comentando sobre o "meu tempo". Sério.
Em contrapartida, um amigo querido, dez anos mais velho, diz nove entre dez vezes:
- Você me entende, porque a NOSSA geração, blá blá.
Pessoas, na década de 70, quando ele ia pra balada, eu brincava de boneca. Na década de 80, quando eu ia pra balada, ele estava casado e era pai de dois.
Então é mais ou menos assim: se o amigo é seis anos mais novo, ele é meu filho, sou praticamente sua mãe, se ele é dez anos mais velho, tem a mesma idade que eu.
Matemática idiossincrática que deusmelivre.
A mais legal foi essa: ouvi que não fui adolescente nos anos 80.
Geralmente, ouço besteira e fico muda, porque sou lerda. Mas até que consegui responder, apesar de ficar atônita.
- Olha, Fulano, em 1980 eu tinha 12 anos. Sempre me achei precoce, mas se você quer me dizer que fui adolescente ANTES dos 12, tudo bem pra mim.
Na boa, os homens são muiiiiiito estranhos.

11 setembro 2009

"Mudaram as estações, tudo mudou.."


Trabalhei a maior parte do tempo como professora de História pra pré-adolescentes e adolescentes. Quem é professor, sabe o que digo, ninguém sabe exatamente o que é conseguir atenção, até falar sobre a Revolução francesa pra molecada de 13 anos.
Realmente, conseguir a atenção de quarenta adolescentes é uma tarefa hercúlea. Estou falando em atenção, atenção mesmo, não silêncio sob chibata.
Trabalhei em diversas escolas particulares da região de Campinas, tive a sorte de trabalhar com diretoras extremamente criativas, que apoiavam inteiramente os projetos que desenvolvi.
Coordenação já é outra História. Em alguns lugares trabalhei com coordenadoras incríveis, que me ensinaram muito, em outros, com burocratas sonsas, das quais tenho alergia. Porque vamos combinar, nada pior do que gente sonsa, pé de pato, mangalô.
Acabei indo trabalhar exclusivamente em faculdades da região. Como toda escolha, ganhei e perdi. Ganhei novos desafios. Engana-se quem pensa que se exige mais do ensino superior. Minha experiência em escolas de ponta me mostraram como a maior parte delas tem um nível que algumas faculdades não atingem, por vários motivos.
No começo, adorei a diminuição do stress - trabalhar com adultos é outra coisa - mas senti falta da energia das crianças, da animação.
Se antes eu conhecia todos os meus alunos, nome, sobrenome, gostos específicos...eu os via três vezes por semana, por anos. Entretanto, no momento da relação universitária me vi diante de salas cheias, das quais me lembro de poucos nomes, pois é humanamente impossível lembrar de todos os alunos de uma sala de 70.
Em cada um dos níveis, há aspectos interessantes e aspectos horríveis.
O lado gostoso é sentir que fiz parte da vida deles, que influenciei de alguma forma.
Uma ex aluna queridíssima, Naíma, hoje aluna de jornalismo na Usp, brincou comigo no post abaixo, lembrando-se do livro que eu dei no seu aniversário de 15 anos.
Agora há pouco, antes de chegar na casa da minha mãe, encontrei um ex aluninho. E não adianta, eu sou uma tia mesmo, ele é adulto e eu o vejo como garotinho, como quando contava histórias na aula.
Quanto ao tempo que fiquei com os adultos, passei por várias turmas bacanas - e umas tão chatas que nem vale a pena comentar...- mas as minhas prediletas, foram, sem dúvida, uma turma de Computação ( onde trabalhei com uma matéria de introdução a sociologia) e uma turma de calouras da pedagogia ( onde trabalhei com uma disciplina sobre novas tecnologias).
Turmas interessantes, inteligentes, antenadas e, principalmente, com uma fome de conhecimento, com um desejo de pensar, que não se vê todo dia. Morro de saudades deles.
As escolhas são assim, recheadas de perdas e ganhos. Agora estou fazendo outras escolhas, mas o que vou ganhar e perder, ainda não sei.
Mas quando eu descobrir, conto.;0)