31 maio 2012

Blogar ou não blogar, eis a questão..

Tem alguém ai?
Depois do transplante eu pouco ou nada postei. Algumas vezes não tinha tempo, em outro momento não tinha vontade. Muitas vezes não tinha ambos.
O interessante desse ano quase sabático foi que descobri outros mundos. Porque a blogosfera de hoje é tão diferente do..cof..cof..."meu tempo", tão diferente!
Quando comecei a ler blogs, em 2003, existiam poucos - e ótimos - blogueiros escrevendo. Escrevendo meio que sobre tudo, palpitando, discordando, pensando. Muita gente boa parou de blogar, gente que faz falta e deixa a blogosfera muito mais pobre.
Eu li barracos públicos, longas pelejas entre egos, textos memoráveis, discussões que mudaram meu modo de ver o mundo. Mesmo.
Nos últimos anos vi uma "categorização" dos blogs que foram se tornando paulatinamente cada vez mais específicos, cada vez mais retro alimentados por um público que consome as mesmas coisas, fala sobre as mesmas coisas e, por vezes, pensa as mesmas coisas.
Se os leitores ganham com o específico - e ganham, claro - pois cada vez mais existe mais profundidade sobre o que se fala, dado que o blogueiro mergulha em um universo, por outro lado houve uma perda. Perdeu-se o diálogo do diferente. Perdeu-se a miscigenação cultural, digamos.
No ano passado mergulhei nos blogs de organização. Confesso que sentia um tiquinho de vergonha de gostar deles, porque no meio das fabulosas dicas de organização vinham coisas abomináveis. Não me constranjo em fala dessa forma porque as autoras não leem esse blog.
Isso foi algo que aprendi e achei curioso. Dependendo da tribo, voce pode ir, pode ler e pode comentar uma, duas, quatrocentas vezes. As blogueiras não retornam, nnao te leem. Fora excessões muito bacanas, esse grupo de pessoas só comenta em blogs cujos temas sejam paralelos aos seus. #meda
O pessoal que passou por aqui não age dessa forma. Conheci blogueiras fantásticas que fazem qualquer decorador babar. Acreditem, a criatividade desse povo é algo absolutamente inovador, delicioso de ver e aprender. Minha mania atual snao blogs de moda. ( Não, não é uma pegadinha do Mallandro)
Não diria que os leio, porque não há muito o que ler, mas passeio por eles e acho gostoso.
Descobri que existe um pessoal que conseguiu aquilo que há muito se discute na blogosfera: conseguiram monetizar - e bota monetizer nisso - o blog. Isso eu conto depois e digo minha opinião. O fato é que um ponto negativo, no meu ponto de vista, s destaca. Ao ficar muito "profissional", perde a vibe de ser..BLOG. Particularmente acho que alguns estão muito #estilorevista pra mim, eu prefiro algo cotidiano, natural, gente.Isso é o que diferencia o blog de outras paltformas de comunicação, a possibilidade de dar visibilidade aos momentos triviais, apresentando formas geniais de ser ...trivial. Se for pra ver revista, compro revista.
Mais tarde falo sobre todos esses blogs e dou dicas; tem gente fantástica falando de organizaçnao, de craft, de decoração, de moda. Gente criativa.
Conto tudo pra voces. ( cade o circunflexo desse teclado? por que nnao consigo organizar os parágrafos? sei lá, vou me familiarizando, tenho paciencia comigo)

30 maio 2012

A entrada de serviço


















Já estou pra escrever sobre "Domésticas, o filme" há algum tempo.
Particularmente, gosto do diretor Fernando Meirelles, que nesse caso, também apitou no roteiro. O que conheço do trabalho dele, gosto.
A ficha técnica me faz pensar em um grupo de classe média intelecutalizada, tentando ( nesse caso, conseguindo) olhar o mundo com outros olhos que não o do eixo Vila Madalena-Leblon. Saca os sobrenomes: Cecília Homem de Mello,Andréa Barata Ribeiro,André Abujamra...sem desmerecer o trabalho, sempre penso nisso um pouco como "estamos aqui na conversando na casa do papai e tivemos uma idéia bacana pra um filme".
Ok, ainda assim, dá pra sair um filme interessante. E olha, saiu mesmo.
A trilha sonora é demais: hiper brega, dá a cor necessária para o filme, que transita entre o humor ( às vezes, negro) e o drama de forma genial.
O filme retrata o cotidiano de diversas domésticas - cinco em especial - dando ênfase para a fala das mesmas, que funcionam praticamente como "depoimentos".
Essa opção narrativa por si só, já vale o filme: pois dá voz a essas mulheres anônimas e não ouvidas, desloca o olhar para outro ponto, mostrando o mundo sobre a ótica dessa mulheres invisíveis.
Quem quer que tenha feito a pesquisa necessária para isso, caprichou, porque a estrutura das frases e a idiossincrasia das histórias está perfeita.
"Eu gosto assim..de feijão, arroz, sabe assim, bem farinha?"
Não sei quanto a vocês, mas alguns anos em Caxias me fazem ver que essa frase esquisita é completamente real, usada de forma cotidiana por várias pessoas.
E o olhar de Graziella Moretto no final? Quando diz que "ninguém escolhe ser doméstica, é uma sina", é absolutamente doloroso, é um daqueles momentos que marcam o filme de forma indiscutível.
Todas as histórias se entrecruzam, mostrando um universo desconhecido para a classe média e que me lembrou muito uma pesquisa feita na USP.
Um jovem da graduação - nas Ciências Sociais, creio - se vestiu de faxineiro e transitou pelo campus durante semanas.
Conforme ele relatou em seu projeto, foi ignorado pela maioria dos colegas e por todos os professores. Simplesmente, não viram que era ele. O que acarretou, ainda que ele tivesse consciência de que uma pesquisa e por tempo determinado, ainda assim, acarretou uma incrível angústia e abalo da auto-estima.
Ele havia se tornado invisível.





****publicado originalmente em 2009.